BARBACENÁRIO – desenho a lápis*
o Tempo inexoravelmente
passa a sua borracha
no desenho a lápis,
que é a Vida
a vida dos outros,
loucos ou santos.
Onde está o moço moreno que vendia enfeites na esquina?
Onde está a senhora que exclamava ao ver os cadetes da EPCAR
“olha os passarinhos azuis”?
Onde está aquela outra que com seu carrinho de mão percorria a cidade
e à noite vendia pipoca no portão da faculdade?
Onde está o travesti que de chanceler britânica só tinha margarida?
Onde está o Mane Capão?
o TEMPO passou a sua borracha
Onde está a linda atriz?
Onde está o bom político?
Onde está o professor que ensinava e o aluno que aprendia?
o Tempo passa a sua borracha
infalível na mente da gente
trazendo o esquecimento
e mudando o cenário
e tirando as personagens do palco.
Também sou um mero detalhe neste croqui de barbacenário.
*Como memorial a minha querida Barbacena, MG.
L.L. Bcena, 30/03/2011
POEMA 326 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.