QUANDO AMANHECE O DIA
Cultivo em mim ainda um germe de esperança
Dentro de meu coração doído rodeado de arame farpado
Tem ainda sumo de vida palpitante independente do meu querer
Continua o coração ferido a palpitar cegamente na minha existência
Deus já está tão distante, não escuto sua voz e isso é angustiante
Dos meus lábios lacrados no silencio dos amordaçados
Guardo para mim mesmo toda a minha ignorância
Engulo toda sorte de palavras amargas e redondas
Como se estivesse a engolir figos inteiros alargando minha garganta
O alimento espiritual que busco nos cantos da cidade
chega-me aos poucos em doses regulares
cada dia é uma luta diferente
luta contra meu próprio corpo
luta contra meu próprio espírito
quero só dormir bem está noite