QUANDO AMANHECE O DIA

Cultivo em mim ainda um germe de esperança

Dentro de meu coração doído rodeado de arame farpado

Tem ainda sumo de vida palpitante independente do meu querer

Continua o coração ferido a palpitar cegamente na minha existência

Deus já está tão distante, não escuto sua voz e isso é angustiante

Dos meus lábios lacrados no silencio dos amordaçados

Guardo para mim mesmo toda a minha ignorância

Engulo toda sorte de palavras amargas e redondas

Como se estivesse a engolir figos inteiros alargando minha garganta

O alimento espiritual que busco nos cantos da cidade

chega-me aos poucos em doses regulares

cada dia é uma luta diferente

luta contra meu próprio corpo

luta contra meu próprio espírito

quero só dormir bem está noite

o alfarrabista
Enviado por o alfarrabista em 17/07/2011
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