VONTADE DE TE VER
Na mais profunda madrugada, derreia o sentido a procurar
Por um só enturve cego de meu elo fraco a se envenenar,
Pois talvez queira enxergar a beleza da ínsita noite escura sanar
De teus olhos o sentido da morte e o porquê de não me levar.
Vejo que o sentido esvaece de mim a cada gole deste sono demente
E sei apenas que morrer aqui seria do inverno frio o eloquente;
Mais que aqui sorver-te em poesia seja meu dolo de veneno quente
Mesmo que da noite tua eu sofra antes em procurar o que tu sente,
Sem que acaso eu sinta ou procure a resposta para as loucuras;
Sou tão assim, mas insistente em saber também o que procuras,
Ou o que sondas a mim em teus olhares nas noites escuras.
E que se acaso eu parta na noite, enfim, a encontrar ou perder
Fala-me sem que me esmoreça o peito, já bem sei o que é morrer
Pois já passei por lá uma noite; mas onde procuro a ti é onde quero te ter?