INVENTAR O IMPENSÁVEL
inventei um roteiro impensável,
imprestável,
inominável,
indecente.
ancorei no profundo dos olhos
essa iguaria imaterial
de emoções esdrúxulas,
de carnificina original
concatenada e repetente...
trancafiei nas entranhas
todos os tentáculos do vácuo natural
- minha solitude incoercível -
de minhas falhas promovi
o infalível
por ser opressivamente descartável.
olvidei
sem margem de dúvidas
o inolvidável.
convidei-me a provar
do manjar fantástico
do cabalmente improvável.
fiz dessa inconstância
a maior qualidade
d'um ser primoroso que me alcança,
que me balança
feito onda a me suplantar...
e desfilo lúcido e demente
essa minha estapafúrdia
(des)temperança
hoje
e daqui para frente
n’um beijo de língua no nunca,
no sempre...
no agora,
um eu devasso,
em sexo orgástico com a vida
até a hora da minha morte...
(morte tão inútil
quanto resplandecente
porque muda de posição
as determinantes insignificâncias
do mundo - do meu ex-mundo...)
...amém