o manjar das palavras

Manjar das palavras

Na estrebaria das palavras eu me retiro

Me confundo com os cegos

Vaga de palavras retiradas ao esquecimento

Forram um diario de encontros mudos

Sobem nas maos como fogueiras acesas

Atiçam as bestas dos caminhos

Corro atraz das palavras como andarilho

E procuro a cor

Procuro o sabor

Procuro a textura

Procuro a latitude

Ha palavras de linho e palavras de veludo

Ha palavras com luz e palavras com noite

Palavras com coiotes nos olhos

Palavras como pedras

E palavras com cintura de menina

Com palavras faço rios e madrugadas

Faço poentes e lua cheia

Com palavras me visto e me pinto

Com palavras resisto e escrevo

Num voo de passaros ao entardecer

Com palavras corro navego e paro

Com palavras subo às tempestades

E lanço as redes sobre a terra

Ha palavras nos teus olhos

Palavras nos teus ombros

Palavras por abrir como lilazes

Vem comigo

Vamos lutar pelas palavras do silencio

Palavras que trepam muros

Palavras que beijam as flores

Palavras para lá dos montes

Palavras em violinos

Palavras cósmicas

Que só os deuses podem escutar

luis martins
Enviado por luis martins em 13/07/2011
Código do texto: T3093377