Avassalador

O problema é que eu me apego demais. Muito e muito rápido. Não dá nem tempo de ver "de onde veio" e já estou sendo arrastada. Quando eu gosto, eu gosto muito, não sei sentir pela metade. Não sei viver no meio termo. Não sei me manter na reserva. Eu me entrego. Fecho os olhos e vou. Pulo de olhos fechados e sem pára-quedas. Faço duas vezes antes de pensar.Se me machuco? Claro que sim. E dói, viu? Dói muito. Mas não sei ser de outra maneira e nem quero. Vou vivendo assim, caindo e levantando. Sorrindo e chorando. Seguindo e parando no meio do caminho para retomar as forças. Viver tem que ser avassalador.

A vida pela metade não me interessa. Preciso sentir as coisas por inteiro, preciso sentir que me enchem o coração, seja de alegria, ou mesmo de dor. Não gosto da sensação de meio-feliz ou meio-triste. Se for pra ser feliz, que seja muito. Se for pra doer, que doa muito também. Preciso sentir com intensidade. Raspas e restos não me interessam. Eu quero, eu quero e preciso do excesso nos sentimentos.

Amor, amizade, raiva, pena, ódio... prefiro morrer a sentir algum desses pela metade. Por partes, picadinho. Não quero e não preciso, se for assim. Eu quero sentir o sangue correndo nas veias, quero sentir o coração pulando no peito, as mãos suando, pernas tremendo. Eu quero sentir. Sentir que estou viva, sentir que tenho motivos para levantar pela manhã.

Não faz mal se não for acabar bem. Isso já é outra história. O que importa é sentir verdadeiramente na hora em que as coisas acontecem. Sem se preocupar com o depois. Depois é depois. Ainda nem chegou, então aproveite. Ame, sofra, chore, ria. Viva.

Paula Alves
Enviado por Paula Alves em 13/07/2011
Código do texto: T3091862
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