O poeta em sua casa
Nesta noite não lembrarei nada
E não perdoarei meus pensamentos
Se por um acaso ele ousar a pensar
Nesta noite quero durar como os cantores
Adormecer e agonizar sonhos...
Nesta noite viverei qualquer domingo
E escreverei um soneto feito os poetas
Nesta noite estarei pasmo ao ver a lua
E na varanda admirá-la (apaixonado)
Nesta noite farei prosa com o instante
E darei chance a tudo o que pode me atrair...
Nesta noite posso até folhear revistas
Mas negarei o telejornal...
Nesta noite não viverei opiniões
Nem notícias, muito menos formalidades.
Nesta noite voltarei a ser criança...
Serei mágico, inventos inquietos
Nesta noite eu terei medo...
E será o meu cobertor o refúgio
Nesta noite cuidarei do meu eu
Mas nada a mais além de Freud
Nesta noite beijarei o batom marrom
Por que “Amar se aprende amando” em Drummond...