Coma sentimental

Olhando pela janela da alma

eu vejo um mundo que se destrói e não se acalma.

Furiozos seres humanos matando e destruindo

aquilo que um dia foi belo hoje está se ruindo.

O vento que em meu rosto batia

hoje rasga minha pele e me derramo numa hemorragia.

O odor cresce em meio as rosas das praças

e pessoas como sepulcros caiados, passeando em meio as desgraças.

O frio agora é cortante, e o ar é congelante

o gosto de sangue na boca se torna ainda mais embriagante.

As vestes limpas e perfumadas ornamentam os corpos andantes

mas a podridão da carne predomina com um fedo contaminante.

A perfeita criação se destrói ainda mais a cada dia

um lutando contra o outro onde impera a covardia.

Crianças revoltadas como um animal em uma jaula

o jovem pega uma arma e sai atirando na sala de aula.

Quando começou? E será que um dia vai acabar?

Esse coma sentimental onde todas querem se matar.

As manhãs são cinzas e os dias pura sequidão

as tardes melancolicas e as noites com velórios e solidão.

As vidas que começam não trazem mais esperança

as vidas que terminam trazem o desejo de vingança.

Atraves de meus olhos eu vejo a desgraça acontecendo

com as minhas mãos jogo terra no caixão que vai descendo.

Minhas lagrimas, meu choro, minhas dores

são silenciadas pelos gritos de angustias e de horrores.

A destruição entrou nas casas, a morte está no quarto

o sonho fica na estante, numa foto em um retrato.

O silêncio a mesa num jantar em familia

reflete a dor do trabalho e do dia que mais parece uma guerrilha.

O adormecer incerto de um acordar

mostra que o ser humano não tem mais a capacidade de sonhar.

"Acordem crianças, se levantem os jovens! Eis que o fim bate a porta para um banquete."

Ronny Vieira
Enviado por Ronny Vieira em 07/07/2011
Reeditado em 08/07/2011
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