Coma sentimental
Olhando pela janela da alma
eu vejo um mundo que se destrói e não se acalma.
Furiozos seres humanos matando e destruindo
aquilo que um dia foi belo hoje está se ruindo.
O vento que em meu rosto batia
hoje rasga minha pele e me derramo numa hemorragia.
O odor cresce em meio as rosas das praças
e pessoas como sepulcros caiados, passeando em meio as desgraças.
O frio agora é cortante, e o ar é congelante
o gosto de sangue na boca se torna ainda mais embriagante.
As vestes limpas e perfumadas ornamentam os corpos andantes
mas a podridão da carne predomina com um fedo contaminante.
A perfeita criação se destrói ainda mais a cada dia
um lutando contra o outro onde impera a covardia.
Crianças revoltadas como um animal em uma jaula
o jovem pega uma arma e sai atirando na sala de aula.
Quando começou? E será que um dia vai acabar?
Esse coma sentimental onde todas querem se matar.
As manhãs são cinzas e os dias pura sequidão
as tardes melancolicas e as noites com velórios e solidão.
As vidas que começam não trazem mais esperança
as vidas que terminam trazem o desejo de vingança.
Atraves de meus olhos eu vejo a desgraça acontecendo
com as minhas mãos jogo terra no caixão que vai descendo.
Minhas lagrimas, meu choro, minhas dores
são silenciadas pelos gritos de angustias e de horrores.
A destruição entrou nas casas, a morte está no quarto
o sonho fica na estante, numa foto em um retrato.
O silêncio a mesa num jantar em familia
reflete a dor do trabalho e do dia que mais parece uma guerrilha.
O adormecer incerto de um acordar
mostra que o ser humano não tem mais a capacidade de sonhar.
"Acordem crianças, se levantem os jovens! Eis que o fim bate a porta para um banquete."