EM LUZ DE DIA HÁ DE VOLTAR

Uma estiagem se fez pelas idas e vindas

Da vida

Um murmurinho de cidade brotou-lhe pedra

Somando-se ao sobrepeso das emoções

E do embrutecimento.

A inação paralisou sóis e correntezas

Quando somem, despenca em mim essa ausência...

Ainda mais por dentro, alguma parede despenha

Ora, essa sensação de amordaçamento, de calabouço dos ares

Alertando-me

Ora, esse deserto de luas abandonadas abastecendo

O negrume da minha noite

Depois a madrugada. Traz sonos elásticos

Que dilatam a mudez

Depauperam a luz vernal sobre enflorados

Arrancam-me da língua os últimos versos,

As rimas broncas.

Incoerências tão sentidas,

Pois consentidas

Ah, o vento gélido, comburente da geada

Onde meu corpo congela, empedra, mas ainda apascenta,

Escondida, a vida:

Em luz de dia há de voltar.