Férias de mim

Minha alma antiga

Expansiva!

Já não cabe mais em mim

E dormir tem o efeito da morfina

Anestesia meu corpo

E minha alma pode vagar

Como espírito luminoso e obscuro que é

Ela procura outras almas

Ela se espreguiça

Torcendo pelo não despertar do meu corpo

Seria eu dois eus?

Eu sou uma no corpo. Eu sou outra na alma.

Pessoas diferentes

Só o fato de reencarnar já é em si uma involução

Minha alma olha pra mim

Olha por mim

Olha de mim

Seu pensamento?

"Pobre matéria orgânica que sente. Sente dor!"

Minha matéria orgânica. Meu corpo. Meu eu. Teria ele consciência dele mesmo? Minha massa, meu peso e minha altura.

E a alma ri dessa pobreza toda. Somos mais do que isso, ela diz.

Em seguida chora. Pois seu outro eu, aquele que repousa, clama por ela.

É hora de voltar.

E fazer coisas de que ela não gosta.

É hora de acordar.

E viver um (num) mundo de matéria.