intruso
não há mal em
falarmos mal de alguém
não há mal em
nos metermos com a vida das pessoas
não há mal em
acharmos que nós é que deveríamos estar no lugar delas
não há mal em
jurarmos que elas não mereciam isso ou aquilo de bom
não há mal em
tudo fazermos para que elas não tenham aquilo de bom
que achamos que têm
não há mal em
tudo fazermos para que elas não sejam felizes
não há mal em
reivindicarmos o nosso lugar de juízes
sempre atrás de uma sentença
não há mal em
não sustentarmos a nossa presença
diante da dignidade e da altivez
não há mal em temer as pessoas e em
não nos amarmos a nós mesmos
não há mal em
ficarmos no deserto sem sede
querendo que os outros no oásis não tenham água
não há mal em
vivermos assim
que nem o cupim
que quer devorar a madeira
antes de ela existir
o mal que poderá haver
será temer a nós mesmos
porque aí não poderemos amar
e depois,
perdoar, entender, sorrir
(genuinamente)
correr pelo campo
colher as flores do campo
viver!
Rio, 29/11/2006