Já estou indo
Nesta sombra desenhada
abrigo-me e medito.
Na felicidade sonhada,
bem longe do infinito.
Aqui faço minha pousada
neste sonho da poesia.
No silêncio da alvorada
e no clarear do dia.
Nas nuvens que passam
tudo vai se despedindo.
Os amores que se abraçam
e o passado sumindo.
Pássaros chegando e saindo,
vão trocando de muralha.
De alimento se nutrindo,
seu biquinho junta e espalha.
Onde há tanta sabedoria...
Confundo-me totalmente.
Fico só com a poesia,
torno-me indiferente.
A vida tem um ponto final,
limite no pensamento.
Não há ninguém igual,
não uso outro fardamento.
Muitos ficam a desejar,
tudo querem sem demora.
As coisas não vão mudar...
Já estou indo embora.