Nós e a penumbra

Só nós e a mesma penumbra.

Nós, manifestos em atos desmedidos,

junto às águas,

no centro das atenções bucólicas desse jardim sobrenatural.

Só nós e a mesma linguagem... uma mania de reacender-se.

... e achávamos graça nos infernos alheios,

e corríamos alegres para os braços dos abraços mais

sombrios daquela recente ressaca...

Éramos bons...

Mais do que se pode...

E restam-se.

Só nós e a penumbra,

que de tão sôfrega, apela aos nossos misericordiosos modos

uma oportunidade na orgia que se contempla à luz do dia.

Talvez isso tudo seja coisa de momentos,

mas os momentos, na plena certeza de quem não tem tanta certeza,

são isso tudo que a penumbra esconde e rouba.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 18/06/2011
Reeditado em 19/08/2011
Código do texto: T3042578
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