Furacão na Alma

Ainda tento consertar os estragos

Do último furacão que assolou minha alma

Os sentimentos permanecem misturados

Não sei mais o que é amor e o que é ódio

Não sei mais o que é amizade e o que é indiferença

Uma mistura de emoções que parecem ser todas iguais

Mas que nem por isso entram em harmonia

E me pergunto se vale mesmo a pena tentar organizá-las

Pois pressinto que um novo furacão virá logo

E colocará as coisas fora do lugar novamente

Talvez seja perda de tempo buscar compreender o incompreensível

Ou arrumar aquilo que tem por estado natural o caos

Mas se eu não puder compreender minha própria alma

De que adianta compreender qualquer outra coisa?

Eu ainda sou eu

Ou o furacão transformou-me tanto assim?

Eu ainda persigo as mesmas coisas

Ou o vento levou minhas expectativas embora?

Ainda tenho minha confusão

Que se perdeu em algum lugar no meio das outras confusões

Mas que sei que está lá

Guardando em si as dúvidas que nunca solucionei

E que ficaram ainda mais complexas depois do furacão

Não é como se rimar “furacão” com “confusão”

Fosse resolver meu problema

Pelo contrário, nem o mais perfeito soneto

Daria conta de organizar o que quer que haja para dizer

Pode-se resumir um monte de enigmas em uma palavra

Mas é impossível defini-los com exatidão

Porque enigmas não são mistérios

Que querem ser resolvidos

E aguardam ansiosamente o próximo furacão

Para se perderem em mais uma montanha de dúvidas

Sei que não entenderei as consequências do desastre anterior

Antes que chegue o próximo e piore tudo

Mas talvez possa separar o que é mais importante

E colocar em lugares mais seguros

Para que possa lembrar a diferença

E ter certeza de que no meio da raiva e da indiferença

Sempre estará perdido algum sentimento bom

Que por acaso é o primeiro

Que o furacão esconde

Provavelmente, porque é tão ruim quanto eu

Em lidar com isso