Alguma vez

Pedro Alguma Vez viu a chuva cair,

Ouvia atento cada gota que tocava o chão da varanda,

Mas o barulho singelo não manteve sua atenção,

O relógio indicava que o atraso já era real.

Alguma Vez também se encantou

Com o cantar dos pássaros na janela,

Com a brisa que adentrava no seu quarto,

No entanto, esses momentos escureceram até quase desaparecem.

Pedro aos poucos deixou em baús

As simplicidades, a delicadeza de observar estrelas.

O asfalto, as paredes de concreto

Cimentavam seu coração, apregoavam um interior pedregoso.

A alvorada não mais era notada.

Esfacelou-se, foi apequenada,

Reduzida a mínimas centelhas

Toda a humanidade que o constituía.

Alguma Vez tornou-se, repetidamente, em Nunca.

Sua bondade era cerceada por serrotes.

A extinção de sua alegria iniciou.

A sua alma foi sendo desossada.

Os seus Dias eram apenas dias,

Sua Vida era apenas vida.

Tinha tudo, mas tinha nada.

Ah se ele pudesse voltar à época de Alguma Vez...

Dani S
Enviado por Dani S em 02/06/2011
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T3008861
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