Alguma vez
Pedro Alguma Vez viu a chuva cair,
Ouvia atento cada gota que tocava o chão da varanda,
Mas o barulho singelo não manteve sua atenção,
O relógio indicava que o atraso já era real.
Alguma Vez também se encantou
Com o cantar dos pássaros na janela,
Com a brisa que adentrava no seu quarto,
No entanto, esses momentos escureceram até quase desaparecem.
Pedro aos poucos deixou em baús
As simplicidades, a delicadeza de observar estrelas.
O asfalto, as paredes de concreto
Cimentavam seu coração, apregoavam um interior pedregoso.
A alvorada não mais era notada.
Esfacelou-se, foi apequenada,
Reduzida a mínimas centelhas
Toda a humanidade que o constituía.
Alguma Vez tornou-se, repetidamente, em Nunca.
Sua bondade era cerceada por serrotes.
A extinção de sua alegria iniciou.
A sua alma foi sendo desossada.
Os seus Dias eram apenas dias,
Sua Vida era apenas vida.
Tinha tudo, mas tinha nada.
Ah se ele pudesse voltar à época de Alguma Vez...