DECLARAÇÃO DE AUTO-LIBERAÇÃO

escrevo n'um enlevo,

mesmo escasso interesse desperte:

"estou liberado de mim."

outrossim,

nada, enfim, me devo:

nem viver,

nem morrer.

(já que nasci

sem poder escolher...)

o que é pecúlio d’um ser

- um mero pé-de-vento -

agora, assopro eu mesmo...

tão bom entender

que não me entendo...

pois foi me não sabendo,

que tão bem me criei...

aposto no que descubro

meio no sem-querer

quando de mim mesmo,

querendo, me perco...

assim estarei me fazendo

ao tempo me desfazer...

e se algo sobrará além

só a mim, porém, importa:

a mim; e mais ninguém.