REFLEXÕES
Quero saber o que se passa na mente alheia,
Para desvendar os sonhos mais dispersos,
Saber as quimeras dos meninos perdidos nas ruas,
E as frustrações insolentes dos adolescentes abastados.
Queria saber o que passa na mente do homem humilde,
Olhando a vastidão das terras largadas às capoeiras,
Sabendo-se sob ameaça do despejo dos 3 cômodos,
E o minguado salário merecido com o suor do mês inteiro.
Pudera eu saber exatamente das conclusões desmedidas,
Da mãe olhando a cidade enfeitada de luzes e neon,
Enquanto caminha para dar colo aos filhos que a esperam,
Na escura noite desprotegida da luz que já foi cortada.
Quisera sim entender a ganância dos que tanto tem,
Sem tempo para usufruir do tudo que já acumulou,
E gastam o tempo que lhes sobra ainda aviltando a tantos,
Esquecendo que o tanto que têm não lhe permitirá viver tanto.
Esmoreço e desisto de entender quem quer que seja,
Se olho o espelho e não reconheço tudo que penso,
Se em momentos quero somente viver do jeito que sei,
E noutros fico buscado caminhos e meios que não entendo.
Sobra sonhar para que o menino encontre sua casa,
Que o adolescente valorize tudo que a vida lhe oferece,
Que o homem seja sorteado com a casa própria,
A senhora chegue em casa e a luz brilhe também nos olhos dos filhos,
Que a conta tenha sido paga pelo ganancioso num repente de lucidez.