INCONFESSO

no fundo

cristalizo as águas

que recolhi orvalhos de março

e agostei chuvas de sede.

o agora que me reflecte

ninfa de rio desencontrado

do tempero doce,

é de sempre, é de sempre.

e de nunca é o delta que me promete

abraços fluindo imagens que não mereço.

inconfesso:

jurei imolar na praia

a gaivota que me trouxe

dos riscos que não cumpri.

e morro com ela,

no ponto exacto onde o (d)ouro acaba e o mar começa...