A vida que não foi minha

Fiz das minhas memórias cartas rasgadas no meu cofre guardando a imunidade

que eu escondo e tolero para esconder de mim mesmo minha tristeza

me pego pensando,se morrer ninguém me irá culpar e não me verão chorando

em minha sepultura quem sabe preparando minha partida desta vida

arrumando minha indecência em uma margem de sacrifico intolerável

espero que a vida que não foi minha seja aproveitada pela linha do tempo

meus brinquedos quebrados me mostram a infância perturbada pelos fantasmas

creio que que por mais besta que fui nessa vida que não foi minha causei terremotos

tudo caiu e os pedaços ficaram no chão apodrecendo junto de minha carcaça

posso te fazer rir te deixar por horas rindo de minha piada sem graça

você não me enxerga nem me ouve, beija minha boca e me absorve

me alucino e me envolvo e quem não se envolve com uma lembrança?

os retratos tão velhos me fazem sorrir para uma vida que não foi minha

eu gasto meu berro e o mundo não para, o mundo não se cala

se eu estou morto minha canção não toca,se eu fumo ou bebo nada me choca

eu costuro a minha alma para não ver todo estrago da vida que não foi minha

mudo a minha imagem quebrando o espelho da minha miragem tão maldita

se eu faço uma tempestade mudar seu rumo sou o rei da sacanagem

eu vejo o carvalho chorar eu vejo a roseira se abrir e o mundo explodir

a vida que nunca foi minha a vida que não foi de ninguém a vida que nunca será.

Espero pela minha morte talvez eu tenha sorte se você se calar e dormir.

Dekatria
Enviado por Dekatria em 23/05/2011
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