IN GULA
24.10.05.
Minhas mais nítidas imagens
As mais bem focadas fotos (como falo nesse assunto!)
Delatam-me contrário ao previsível
Crítico armado até os dentes
Universais conceitos-versus-pareceres pessoais
Subversivo ao lugar-comum
Inimigo do simples, do mero, do prático
Completamente besta (às vezes)
Mas são meus pilares
Meu sustentáculo
Transito entre destroços
Mundo indócil e doente
Eu mesmo por hora ingurgito lampejos de minha gula e
Devolvo em poesia a minha insatisfação
Gosto do mágico, do sublime, da criação
Do trágico, das arestas, da redenção
Adoraria andar à frente de meu tempo
Sou velho, embrutecido, sou século XVIII
Sem novas idéias de novas revoluções
Assim está o mundo, assim ele se tornou
Como se não estivesse em constante evolução
Eu sei que está
Mas parei no tempo, detive-me em minhas fábulas
Em meu repetitivo e infausto enfado
Ao lado dos comuns
Ao lado dos normais
Aqueles que se alimentam nos “fast-foods”
Bandejas arrumadas; está tudo pronto
Basta que se engula!