RUDEZ DA GRAÇA

02.02.94.

A graça é a grande palhaçada da vida

O espírito falante expande exageros

O semblante duro assusta e imprime rudeza

A grande desgraça da vida é não vivê-la

Ou vivendo não sabendo suportar

As desordens do cotidiano

Chego a presumir que felicidade seria gargalhar e

Infelicidade: não chorar

Expandir-se, destrancar-se do íntimo

São póstumas nossas lápides

Se portam incontinentes as lembranças

Por qual razão se teima em viver no passado?

Para alguns a felicidade é ruína

Não digo aqui novidade

Para alguns o hipócrita sorriso: necessidade

Projeta-nos, a sociedade normal

Vultos indignos de descrição

Mas que avidamente nos abatem

Procuraria ser dispersivo, cego

Ceguinho de lata esmoleira

Se desse mundo não pudesse tirar caquinhos

Casquinhas de riso

Que me fazem morrer

Literalmente:

Morrer de rir!

Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 20/05/2011
Reeditado em 16/11/2012
Código do texto: T2982621
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