RUDEZ DA GRAÇA
02.02.94.
A graça é a grande palhaçada da vida
O espírito falante expande exageros
O semblante duro assusta e imprime rudeza
A grande desgraça da vida é não vivê-la
Ou vivendo não sabendo suportar
As desordens do cotidiano
Chego a presumir que felicidade seria gargalhar e
Infelicidade: não chorar
Expandir-se, destrancar-se do íntimo
São póstumas nossas lápides
Se portam incontinentes as lembranças
Por qual razão se teima em viver no passado?
Para alguns a felicidade é ruína
Não digo aqui novidade
Para alguns o hipócrita sorriso: necessidade
Projeta-nos, a sociedade normal
Vultos indignos de descrição
Mas que avidamente nos abatem
Procuraria ser dispersivo, cego
Ceguinho de lata esmoleira
Se desse mundo não pudesse tirar caquinhos
Casquinhas de riso
Que me fazem morrer
Literalmente:
Morrer de rir!