Nos nós dos dedos
Nos nós dos dedos,
A dor encosta-se à chuva forte
E não nascem arco-íris
Nas breves bonanças de sol,
A restituir alianças prometidas…
Mas prende-a a eternidade do ouro,
E resiste, resiste,
Cega das areias que lhe contam dias,
Anos,
Dores.
Flores também,
As que lhe permitem as mãos debilitadas
Pelas coroas que lhe cravam espinhos
E lhes tolhem vontades.
O sangue corre-lhe em rios subterrâneos,
Intrusos,
Forçando a pele em pecados veniais
Que só lhe afundam as chuvas
E lhe apodrecem a carne.
Mas o ouro é só uma cópia do sol…
Um dia, o real brilho trai a eternidade da dor.
Caem por terra elos e falsos deuses,
A chuva amansa a rigidez dos arcos
E a íris reflecte a serenidade dos dias que restam
Para o cumprimento da luz…
Há,
Agora,
Um símbolo novo de aliança divina:
É Primavera ainda
E nascem-lhe rosas como anéis
-nos eus dos dedos…
Teresa Teixeira
29 de Abril de 2011