Ditadura da Confusão

Uma barreira em minha mente

Tranca os pensamentos ali dentro

E impede as palavras de saírem

Estou presa dentro de mim

Assustada

Porém não sei do que tenho medo

Sei que há algo errado

Mas está confuso demais

Para que possa dizer o que é

Tenho medo de errar ou de acertar?

Medo de ficar ou medo de mudar?

Medo de admitir o próprio medo?

Medo de que o único sentimento a restar

Seja o medo?

A consciência me diz para ir em frente

Mas com a solidez de uma geleia

Não consigo ir muito longe

Bati em minha própria barreira

E isso não soa nada esperto

É difícil lutar

Quando você mesmo é o inimigo

E ainda não sei

Que lado de mim eu gostaria que vencesse

No momento estou de pé

Mas sinto que logo cairei de novo

Não posso vencer um medo que não conheço

Nem posso conhecer algo que dá medo

Não sei se consigo ser forte

Para lutar contra o mundo

Enquanto vivo um golpe de estado

Dentro de mim mesma

Ah, a ditadura da confusão

É doce e amarga ao mesmo tempo

Ainda que sempre torturante

Para aqueles que buscam respostas

Se é tão clichê

Perguntar "quem sou eu?"

Por que ninguém sabe ainda responder?

Por que eu deveria achar que descobrirei?

Posso ser arrogante

Ou devo manter a insegurança?

Posso conhecer a realidade do mundo

Ou ficarei perdida em meio à confusão?

Posso despejar as palavras sem medo

Ou elas não passam de perda de tempo?

Posso mudar alguma coisa

Ou só conseguirei o título de louca?

Não posso prever o efeito de minhas palavras

Esses mesmos conjuntos de letras que corrompem minha sanidade

Talvez queiram fazer o mesmo com o mundo

Ainda que não tenham tal poder

Sua intenção assusta

E até justifica as barreiras inconscientes

Mas eu não queria ter que me esconder

Gostaria de ter algo a dizer

Mesmo que soasse insignificante

Mesmo que soasse louco

Gostaria de conseguir simplesmente falar

Quando houvessem coisas a ser ditas

Mas há um muro de escuridão

Que não consigo ultrapassar

Perdendo para mim mesma

Fico em silêncio

Atormentada pelos pensamentos

Que seguem as ordens desconexas

Da ditadura da confusão

Mas as palavras virão algum dia

Elas vencerão o medo

E sairão para a luz

Só espero que nesse dia

Ainda queiram dizer a mesma coisa

Ao invés de perderem sua essência na confusão

E deixarem suas loucuras revolucionárias

Na metade do caminho