AO MEU FILHO.
"Nossos filhos não são nossos.
Eles são filhos da vida, ansiando pela vida."
(Friedrich Nietzsche).
Filho,
A beleza q’encontro
Ao vê-lo dormir,
É a certeza de tê-lo comigo,
Desde cedo, sereno, sendo velado,
Por meu coração,
Que d’orgulho faz o pulmão
Inflar,
Por conseguinte,
Tem-me os olhos umedecidos,
Tristonhos,
Da convicção que tenho,
De contigo,
Não poder alcançar teus sonhos
Das distâncias q’eles podem mensurar.
Ao despertar do seu inocente sono
Filho,
Com seus pequeninos
Olhos redondos,
Brilhando, anunciando,
Com seu recém-nascido choro,
A chegada também,
Da sua recém-nascida fome.
Imediatamente sanada,
Silenciada,
Solucionada por sua deleitosa
Providencial mamadeira.
Oh, filho,
É com o coração estilhaçado,
Em mil pedaços partidos,
Que lhe digo,
Amanhã quando olhardes
O mundo com seus próprios olhos,
E por ventura chorardes,
Chorarás sua vida inteira...
Filho,
Travei a luta contra os detentores
Da ordem estabelecida já antes
D’eu nascer, na terra,
Entre a chama,
Do fogo que o amor consome,
Eu tentei, mas perdi a guerra,
Nada mais posso deixar-te,
Além do meu anônimo nome.