Menino de Rosto Sujo 

Menino de rosto sujo, 
Menino de pés descalços; 
 Mora entre a rua e a praça 
Sempre fazendo graça 

Pra chamar atenção
Deseja carinho e afeição
E que a vida lhe mude a sorte.
 Dorme nos bancos dos jardins 
Espalhados pelas cidades, enfim 

Menino de rosto sujo 
Menino de pés descalços
 Mora no relento

E ao acaso 
Pelo pouco caso, 
Pelo descaso 
Conseqüência da apatia 
De parte da sociedade

 Que não vê nestas crianças 
Motivos de esperança. 

Menino de rosto sujo 
Menino de pés descalços 
Sem rumo, sem norte 
Que faz da sobrevivência

A sua própria sorte 
Nos faróis em busca de alguns trocados 
Alguns para anestesiar a dor,

 O frio, a fome, a indiferença
Vivem cheirando cola. 

Meninos de rosto sujo 
Menino de pés descalços
De olhos fixos e exclamativos 
Sua vida de abandono é o clamor 
Pelo excesso  de desamor. 

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 17/11/2006
Reeditado em 28/12/2011
Código do texto: T293983