O POETA: UM FINGIDOR?

Diz Pessoa que o poeta é um fingidor

Que a tudo pode fingir

E finge de verdade o que é verdade

E de mentira o que não se sabe

Mas o que não se sabe

É se finge sempre o poeta

Ou se finge o leitor

Crendo sempre que o poeta

É sempre um fingidor

Ou se quem finge não é quem escreve

Mas quem finge pode ser leitor

Porque finge que acredita

E acredita que finge

Acreditar no fingimento do poeta

Que nem sempre acredita que finge...

O poeta: um fingidor?

Mas não é a poesia

Ou todo que se escreve

Um sentimento de dor?

Ou uma chave para o amor?

Não seria da poesia ofertada

Uma fina e bela melodia?

Poderia fingir o poeta

Um amor que não finge

Mas sente e de verdade

Não mente

E diz o que sente?

O poeta também é um “sentidor”

Fala da dor

E escreve o amor

Oferta uma poesia

Como se fosse uma flor

À flor que ele ama

Ou sente uma dor de amor

Seria o poeta um fingidor?

Se deveras escreve

O que sente no labor

De uma vida que tem

Da poética mais além

Que ri e chora

Faz e desfaz

E ama também?

De tanto fingir

O poeta não sabe

Se o amor que sente

É amor de verdade

E vão-se perdendo amores

E vão-se ganhando dores

Que deveras sente

Sem fingir somente

Mas o poeta é um fingidor?

Porque agora finge da dor

Que agora deveras sente

Mas não se faz inocente

Do que dele conta tomou

Que foi se apaixonar pela dona

Dos versos que a ele inspirou

damiaoaraujo
Enviado por damiaoaraujo em 26/04/2011
Código do texto: T2932098
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