Nuvens
Onde está o fascínio das nuvens?
O meu raciocínio estagna e o pensamento flutua
Minha mente nua quase entra em colapso
Um lapso, um esquecimento, um momento a ignorar a vida
Onde está o fascínio dessa doce fumaça?
Ondulada, faz pirraça da minha razão
Palpita meu coração e desoxigena meu cérebro
Uma morte débil que me afeta e sutilmente me ataca
Eu sei que essa fumaça mata
Sei que maltrata até a morte
Com sorte, serei poupado
Mas ao meu lado vive o perigo
Sinto que me abrigo "no fronte"
Vejo meu horizonte sob forte nevoeiro
Fumo um cigarro inteiro
E escarro com gosto peculiar na garganta
Espanta-me essa mescla de prazer e medo
Esse brinquedo fatal na boca
Essa vontade mortal e louca
Essa insistência em fumar
Tragar os problemas...
Delirar na vida que é tão crua
Deito na rua em pleno “rush”
Como se fosse imune ao perigo
Como se fosse impune aos olhos do inimigo
Como se nunca fosse morrer
Seria essa minha forma de viver?
Isso me afunda a alma num rio gelado
Fico parado e pensando na vida sem nexo
Como se fora um sexo sem amor que o dignifique
Explique-se isto agora...
Outrora, diria ser lampejo da pouca idade
Todavia, na verdade, esse já não é o meu caso
Ainda não cheguei ao ocaso
Mas já atingi a plenitude
Creio que minha atitude
Tende a fazer a decida mais íngreme
Que crime teria eu cometido então comigo?
Responda meu amigo!
Essa conversa é sã?
Briga entre satã e Deus
Entre os teus e os meus
Entre mim e eu mesmo
Entre o yin e yang... A esmo
Seria esse o fascínio das nuvens?