Olhos Escuros
Meus olhos estavam escuros,
Mal podia enxergar a macieira,
E seus saborosos frutos maduros.
Era manhã e o sol teimava,
Em aparecer naquele rincão,
Prenunciando o dia que pairava,
Sobre a minha testa franzida,
Pequenos raios de luzes,
Tocavam-na deixando reluzida.
Volto então o meu profundo olhar,
Que sutilmente oblíquo,
Observa a diversidade do pomar.
Há frutas de todas as variedades,
E suas folhas hesitam-se com o vento,
E bradam em diferentes intensidades,
Meus pés cobertos de orvalho,
Estavam nus sobre a terra macia,
Podia ouvir o estrondoso barulho,
Das frutas, maduras caindo,
Tocando o chão úmido,
E confundindo-se com o som vindo,
Dos pássaros regorjeando,
Nos galhos fartos das frutíferas povoados,
Por musgos e liquens os protegendo.
O som estrídulo da cigarra cantante,
Murmurava no meu ouvido aguçado,
Prendendo minha atenção naquele instante.
Como uma saudosa sinfonia,
A acariciar meus pensamentos,
Cheios de lembranças e fantasia.