lugar nenhum
Lugar nenhum
Confiantes, Homens fardados,
De cabelos cortados,
Marcham pra lugar nenhum!
Batem no peito e no chão com força.
Iludidos que são de aço forjado,Varões inquebraveis.
Flores são pisoteadas por coturnos ensebados,
Amarrados até os joelhos,
Que trilham os caminhos da destruição.
Hinos de ira, gritos afrontosos.
Todos dispostos a disparar teus fuzis enferrujados,
Em direção as cabeças dos inocentes,
Dos indigentes, dos incapazes de reação.
E prometem morrer pela pátria amada.
E são pagos para espancar os contrários.
E fazem greve, e juram defender a paz.
Mas que paz? Que pátria?
Se com espingardas carregadas até as bocas,
Tornam-se insanos, perigosos, covardes.
As Andorinhas trazem a chuva.
Pigarros de cigarros são ouvidos nas
Casas dos Sábios Ancestrais.
E todos procuram abrigos.
Não é possível mais andar sob a chuva nuclear.
Qualquer lugar deve ser melhor que aqui.
Aqui do meu lado, do meu estado febril lastimável.
É preciso bater continência.
É preciso ter paciência.
Não agüentamos mais ter consciência.
Famílias inteiras se desfazem.
Acabam-se durante uma noite inesperada.
Suba a escada e não cumpra o prometido,
No leito de morte materno.
Meu martelo está sem o cabo.
Tropeço no embaraço de olhá-la nos olhos.
Desejo-te mais que a mim mesmo.
Só ainda não a conheço.
Minha linda deusa menina.
Mas juro nunca marchar fardado,
De cabelos cortados,
Em direção a lugar nenhum!