Vejo a multidão

Vejo os passos apressados da multidão

São pessoas atarefadas, atrasadas

Sem tempo

Sem disposição

Nenhum minuto sequer

Para acariciar uma criança

Estender a mão ao caído

Atravessar um cego na rua

Vejo as pessoas tensas na multidão

São figuras automatas, solitárias

Sem gentileza

Pouco ou nenhum amor

Nenhum respeito sequer

Para prestar ajuda ao vizinho

Cumprimentar estranhos no caminho

Agradecer pelo dom da vida

Vejo que não há idosos na multidão

Estão recolhidos

Em velhos quartos esquecidos

Hospitais, casebres, asilos

Em abrigos deprimidos

Refugo de uma sociedade esteta

Ocidente

Templo da juventude e beleza

Vejo as pessoas envelhecendo na multidão

São pessoas perdidas

Vazias

Abandonadas

Esquecidas

Deprimidas

Pouca esperança

Nem sinal de fé

Marisa Corrs
Enviado por Marisa Corrs em 19/04/2011
Reeditado em 11/07/2018
Código do texto: T2918527
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