O frio da noite
Teve inúmeras vezes que quis morrer
Perecer
Não conhecia amigos
Achava que todos eram inimigos
Quem pudera
Como tal
Isolado no frio da noite
Sem motivos
Objetivos,
Onde tudo que sonhava era ser amado
Desejado
E se um rosto no meio da escuridão conhecesse
Sentiria fome de carinho
Pediria para que se aproximasse
Uma vez só fosse minha companhia
Áh desvanecida harmonia...
Quando as gotas de meu lamento descem
Eu olho o horizonte e grito
Levantando-me do meu torpor agonizo
Ainda procurando forças
Risco nas paredes letras mortas
Que só no dia da minha partida terão sentido,
Assim vou subvivendo, me mantendo
Das preces daqueles poucos
Da ignorancia dos leigos
Do desprezo de quem eu amava
Vamos, rindo me maltrata...
O dia não volta
As sombras são eternas
Quimeras
Um passo de cada vez vou dando
Repudio-me da colera dos inocentes
Cuspo no chão destas bestas indecentes
Este sou eu
O ser transformado que vocês fizeram
O homem desprezado que vocês esqueceram,
Não estou morto
Pelo contrário
De sua indeferença tenho gozo!
O amor que aqui viveu anos
Hoje se alimenta de mentiras
Fora do meu corpo ele procria
Não venhas com desculpas
Poupe-me de tuas lágrimas vampiro da minha vida
Seu choro não é nada
Teu coração tudo apaga
Criatura profana de mil faces
Eu te esqueci...
Por mais de uma vez eu tentei
Agindo diferente outra pessoa criei
Aquela alma solitária caminhava no vale do fim
E um dia eu a agarrei
Este sou eu
Um louco no mundo dos interesses
Um mar de dizeres
Tudo que quis era o amor
Mas a solidão me encontrou
Mudou-me de tal forma que nenhum outro reconheceu
O tempo me vestiu bem
Cobrindo todas as falhas na armadura que coloquei em meu coração
De tudo esqueci,
Menos aquela sensação...
...O frio da noite.