ALÔ, ALÔ, REALENGO... AQUELE ABRAÇO!
(HOMENAGEM PÓSTUMA ÀS VÍTIMAS INFANTIS DA CHACINA)
Há momentos em quê,
outros momentos nos levam
a que, conquanto as forças brutas,
pensemos, pois, em desistir das lutas...
As incompreensões do ser
afetam-nos a sensibilidade,
arrasam nossos próprios sonhos
e as nossas ideologias - o que há de?...
Queremos, desejamos, fazemos
por uma vontade de transformação
desse ser, que ainda não consegue ser,
senão, distantes da dignidade do cidadão!
E, quanto mais tentamos mostrar caminhos
dantes, já tão largamente ensinados por Ele,
encontraremos de alguém ou daquele,
a indicação de estradas de pedregulhos e espinhos...
E eu me ponho a pensar:
- O que construí, até então, nessa longa caminhada?
Creio que nada, absolutamente... no dia a dia da jornada!...
E será que ainda reúno forças para continuar?
Se as palavras já se me esgotaram,
junto com elas, se vai toda a minha paciência,
pensamentos também se embotaram...
Ponham a mão na consciência!
Chego a pensar sem fazer alarde,
que a mente dos seres humanos
quando não explode, "fogueia", arde...
“ardilha” e articula os mais sangrentos planos...
Abaixo eu, a minha espada (de paz!) e a embainho,
entrego as armas de todo o meu carinho
selo o meu cavalo marinho...
e bato só, em retirada, literalmente sozinho!
(Para a inexplicável chacina de Realengo.
“Alô, alô, Realengo... Aquele abraço!
Alô torcida do Flamengo!...”)