tudo se vê na escuridão

tudo se vê na escuridão

desde a morte de Lênin

à queda do Muro de Berlin

desde o nascimento de Virgulino

ao enterro de Lampião

tudo se vê na escuridão

desde o olho cínico do chacal

ao teu dossiê comportamental

desde o sintoma do enfarte

à vida levada sem arte

tudo se vê na escuridão

até a dimensão daquilo

que não se deve prestar atenção

a bolha de algodão

equações matemáticas que não servem pra nada

acusações analíticas sobre a falta de pudor

tessituras fingidas sobre um verso de amor

a tosse do físico que morreu de enfisema

o canto da siriema durante o passeio da vaca

o desbunde do cosmonauta

no desencontro com a metafísica

tudo se vê na escuridão

até o olhar comprido da luz...

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 01/04/2011
Código do texto: T2882889
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