Por trás dos escritos
Por trás dos escritos
O que sente o autor
Realmente o poeta
Pode ser um fingidor
E ao dizer sentir o amor
Não possua tal substantivo
Nem em verbo ou adjetivo
Que meus olhos possam ver
E minha mão ao escrever
Venha descrever aquilo que fato vejo
Substância potencializada
Constrói em versos intenções
Reais ou irreais
Escondido por trás das palavras
Quem estará?
Nem sempre a boca fala
O que realmente o coração sente
Ela muito mente e até inventa
Quem ler, ler o que outro sente
Ou ler aquilo que em si sente?
Adepto fui propedêutica Kantiana
Do nascer da impressão a matéria
Que o “logos” terá de destilar
Assim encontrando o que realmente é
E não somente fundar palavras das superfícies impressas
Aquele que passa
Querer sentir aquilo que se ler
Haverá de fracassar
Pois será que ao experimentar
Da mesma maçã
Os dois o mesmo sabor perceberá?
E mesmo assim será que isso tudo
Ainda são reais?