SOBERBA HUMANA
Grande é a soberba do homem que tudo pensa poder,
Mas que nada significativo pode conquistar ou sequer ansiar,
Senão as migalhas do espaço-tempo que ocupa, tão pequeno
Quanto a própria e frágil condição da existência humana.
Residentes no recanto escuro e esquecido da imensidade,
Em um lamento inconsciente da própria fraqueza,
Os homens querem se sentar à mesa principal do banquete,
Como se donos fossem da sinfonia que rege ocasos e possibilidades.
É incompreensível ver o ínfimo tentar desvendar o imenso poder,
Que está contido em todo o Universo do qual faz parte,
Que vibra no átomo em energia aprisionada, compondo a matéria,
E que paira sobre o quantum, em irracionais comportamentos.
Mais incompreensível é imaginar que os homens, em seus desvarios,
Possam se julgar filhos à semelhança, em mácula profunda,
Do Criador, originário de todas as coisas, tentando nele contemplar,
Em adorações incondicionais e idólatras, a bondade e o poder supremos.
Entretanto, como pseudorregentes da orquestra que a tudo harmoniza,
O homem é menos que um grão de poeira perante a grandiosidade do Ocaso,
É tão-somente um verme, autoconsiderado filho de Deus.
Péricles Alves de Oliveira