FUGA DA REALIDADE
De mim mesmo fujo, transfigurado,
Para onde respiram os enlouquecidos,
Descrente da passageira e monótona vida
Que toma conta de minha alma.
As águas dos mares, em convulsões frenéticas
E eternas, ricocheteiam nas areias escaldantes,
Em brancas espumas deslizantes,
Sem conseguirem adentrar o litoral.
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Os ventos sopram, impetuosamente, as montanhas,
Fazendo as árvores bailarem como em uma sinfonia,
Sem conseguirem fazê-la, em si mesma, desabar,
Formando mais brandos terrenos.
E a vida teima em se manter em meu ser -
Coração que bate sem parar e faz vibrar corpo e mente -
Sem conseguir fazê-lo sentir o pulsar das belas emoções,
Que residem nos corações poéticos – Inspiração...
Ou nos corações dos enamorados – amor-paixão...
Fujo de mim mesmo para a terra desconhecida de mim mesmo.
Para além do entendimento comum, firmo-me e vagueio-me,
À margem da insanidade, em busca de paz e de sentido
Para a vida que, insistente, de mim se apossa.
Péricles Alves de Oliveira