EXISTE O AMOR PLENO?
Universo em que tudo é possível,
Infinito em seu espaço-tempo,
Haveria em ti também o amor-fundamental,
Brotado na alma do homem, como um ocaso sublime?
O amor que ilumina como um feixe de luz,
E se torna o razão de ser e de viver.
Amor-raio-de-vida, amor-puro-amor,
Que transborda os corações, cegando a razão?
Por que sou tão descrente no amor pleno?
Tal qual o vento leva uma fina poeira,
O tempo leva a vida, apaga emoções
E me mergulha na escuridão profunda.
Se ouço: “Te amo”, lamento por não conseguir
Ler na alma da mulher a sinceridade da fala.
Se digo: “Te amo”, sujo me sinto, por compreender
Que o amor total não poderei jamais doar.
Quanticamente possível, nesse Cosmo sem fim,
Infinitamente distante pode estar esse amor.
Quiçá do outro lado, após as galáxias mais longíquas,
Quiçá aqui, perdido entre outros braços.
Meu ser se nebula, torna-se negro como a noite mais densa,
Ainda que me falem de amores sinceros e eternos,
Ainda que tentem me omitir a razão que os movem,
Ainda que me escondam a verdade sobre os verdadeiros anseios.
Por que fico a escrever nesse momento sobre tal sentimento?
Pensar é desistir, ao ver as mediocridades das juras eternas.
Pensar é se tornar menor, menos crente e mais distante
Até do que se pode aproximar de um amor que não existe.
Então... Restam-me os sonhos desvairados,
Onde me refugio da descrença que tenho no mundo,
E da torpidez que move as pessoas
Rumo às vãs preocupações de uma vida curta.
E à futilidade com que tratam o amor.
Péricles Alves de Oliveira