A doce mulher chocolate.
(É doce e engorda, degustando até o dia clarear.)
Talvez, se alguém lhe pedir para fazer um leve e honesto deslinde de comparação entre a mulher e o chocolate, você estabeleça seus liames, a começar, pela natureza doce de ambas.
Lógico que eu estaria tropeçando em má-fé se não começasse, bem a par do começo, ilustrando esta linda relação, que ora se faz pelo toque de suavidade e textura inerentes ao paladar de qualquer dos dois. As diferenças não se acostam aí.
As mulheres não só são como o chocolate, pedacinho de gosto do céu, gosto mal interpretado de deuses enrolado num pedaço de papel, que só se prova nu, à flor da pele. As mulheres são o chocolate.
E desvirtuá-las desta comparação, é assaltar os verdadeiros resquícios de honesta analogia sinestésica: O beijo e o famigerado ato de mastigar.
Os culpados não são os homens, vorazes e infantis gordos pré-primários, que freqüentemente os provam a tempo, e a todo.
O culpado é o fato.
Fato de alguns chocolates, viciantes até, estarem na primeira prateleira a preço de banana. Custa-se pouco, prazer imediato e indolor posto que constante. Outros, de textura mais noviça e maciez menos abrasiva, com alguns dólares a mais, tão somente, se compra. Disto todos já sabem, que o que é distante e não comprável, incomparável é.
Há ainda os saquinhos cheio de bolinhas, fácil de comer, mastigar, degustar, a preço elevado, como há o kinder ovo, escuro por fora, mas puro por dentro.
E há sempre, num tom de deus dará, aquele chocolate cujo gosto lhe estranha o paladar e lhe coloca sempre a indagar “Não o terei?”.
Aquele singelo e vulnerável, que você acha que nunca vai comprar.
Um belo, não pitoresco e amargo, com o qual não se pode lidar.
Os de mais valia, ou menos valia, caracterizam-se na estigma do comprador. E a mulher sempre será o chocolate distinto, cujo sabor permuta-se na qualidade e dificuldade com a qual, dele, teve-se a adquirir...