AMOR INCONDICIONAL

Todos os dias, paro em frente ao cruel espelho,
Carrasco do tempo, delator das minhas fraquezas,
Pergunto a mim mesmo: por que é assim?
Vida esvaziada, lembranças perdidas no passado.

Meus olhos não são mais os mesmos de outrora...
Não têm mais o brilho intenso da tenra idade.
O rosto também se apresenta em fúnebre decadência,
Quase nada há nele que lembre a força que impelia meu ser.

O corpo rasteja, implora pela vida intensa que se esvai,
Tenta manter-se com sacrifícios desvairados,
Mas não mais responde à mente, com a força de antes.
O tempo, aliado da morte, passou e fez mais uma vítima.,,

E o sonho do amor incondicional não veio,
Não mais virá, posto que é limitado à carcaça humana,
Que teima em se deteriorar a caminho da insensata morte,
Destino de todos, ponto-fim dos anseios todos.

O amor incondicional sempre fez parte do que quis,
Amar sem receios e medos, sem cobranças, sem limites,
Ultrapassando a existência da vida humana,
Cada vez mais frágil, cada vez mais fria, cada vez menos vida!

Reflito à beira da insanidade, diante do frio espelho,
Muitas vezes, beijei lábios lindos, outras não...
Muitas vezes, entrelacei meu corpo ao de mulheres, outras não...
Muitas vezes, tive orgasmos fantásticos, outras não...

Muitas vezes, sorri de felicidade com a mulher amada, outras não...
Muitas vezes, chorei as mágoas da saudade, outras não...
Muitas vezes tentei entregar, além do corpo,
Também minha alma, outras não...

Mas o amor incondicional sempre fez parte do meu mais profundo desejo...
Sempre o procurei... Sem nunca o ter verdadeiramente sentido...
O amor incondicional é abstrato, inalcançável, talvez até inimaginável,
Dentro da incompreensível razão humana, prisão da própria alma quântica.

Péricles Alves de Oliveira

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 29/03/2011
Reeditado em 01/02/2012
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