Rio
Estou parada em frente a um rio
De águas tão escuras
Que não mostram nem meu reflexo
Nem seu próprio fundo
O caminho em frente é uma incógnita
E o caminho de volta foi obstruído
Tenho inúmeras possibilidades
Mas não posso ver nenhuma delas
E a única que vejo
Não posso alcançar
Sou forte demais para voltar
E fraca demais para avançar
Preciso de mais força
E de algo que organize meus pensamentos confusos
Não é um momento para filosofia
Não quando o próximo passo pode me afogar
Não sei a profundidade do que está em frente
E ainda assim nem comigo mesma entro em consenso
Poderia apenas pular no rio
E nadar o quanto puder
No entanto, soa simples demais
E nunca fui capaz de seguir o caminho simples
Enveredei por alamedas desconhecidas
E vim parar aqui
Não me arrependo
Embora esteja levemente perdida
Bem, todos precisam de um pouco de aventura
E daqui a pouco estarei reclamando de tédio outra vez
Quem precisa de planos
Quando já sabe aonde quer chegar?
Quem precisa de qualquer coisa
Quando já tem tudo?
São aqueles que ainda não acharam seu caminho
Que tem motivos para viver
Pois quem achou a perfeição já viveu tudo
E nunca mais conhecerá um desafio
Vencer sempre tira a expectativa do resultado
E ninguém ganha algo de verdade
Sem perder alguma outra coisa
No fundo, talvez esteja apenas enrolando
Postergando o momento de entrar na água
Imaginando se posso descobrir a profundidade
Sem me molhar
Bem, sonhar com o impossível não é pecado
Mas também não leva a lugar nenhum
Meus pés sempre ficarão no chão
E não posso fazer muito mais do que invejar os pássaros
Dare ka oshiete
Whatashi wa nani mono da?
Encontrarei minha verdadeira forma
Se continuar sonhando com asas?
No entanto, se as tivesse
Poderia atravessar o rio sem me molhar
Não precisaria tocar suas águas escuras
Bem, seria fácil demais
O jeito é abrir mão da segurança da margem
Se quiser mesmo chegar ao outro lado
E esperar que lá a água seja mais clara
E eu possa enfim ver meu reflexo
E descobrir quem sou