ESTADIA
Mergulho num nefasto desejo de viver
Sombrios segundos deste morrer
Instalam-se no estalar dos meus medos
Vislumbro no muro de vidro os segredos
Nada explica-se em mim e choro
Os seios, o corpo, a vida ignoro
Jogada na linha do trem do tempo
A vida pela janela é apenas o alento
Largada na sacada da história
Saúdo bem ali a memória
Senhorinha do meu desatino
No balanço da cadeira eu atino
Adeus aos senhores e sinhás
A garganta do mundo vou devorar
Andando comigo eu me encontro
A parada só chega se aponto
Jaz em mim morrer todo dia
Na cama desperto, estou vazia
Saio a me buscar e estou fadada
A viver aqui nesta estrada!