Causal
Todo dia é resto de outro dia
Que foi dia quando penso no que houve
Restou pó de alegria
Torrões no canto do coração
Fardos de alguma agonia
Agora é apenas e tão somente o que resta
Costurado a cada instante como se o tempo dedos tivesse
E me vestisse com suas ilusões
Tão em moda... tão em moda
Não me dói esvaziar-me de lembranças
somente estar à deriva na vastidão
da vida limitada a conduzir-me ao nada
Um nada tão valoroso quanto o é imitada felicidade
O sono me anestesia dos sonhos em plena luz do dia
Faz-me saber da grandeza que há na poeira agarrada
à sola de minha consciência em viagem clandestina
Um medo entusiasta sussurra-me em frente ao espelho:
Acorda! És legista e o teu mundo morreu