Não sei de onde brota
A música longínqua que sinto.
Estou suspensa no infindo
E danço
Num solitário compasso
De silêncio
No palco imenso do mundo

Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas

Ou gotas
Amargas como absinto.

Habituada ao fulgor
Do sol nas dunas
Ao reverbero nos grãos
De areia nas rochas nuas 
Sou a concha que rebola 
Ao rebentar cada onda
Onde o coração do mar
Está retraído, distante.

Bailo alheada e sozinha.



24/1/2004