Bem longe
Debruçando sobre a certeza das incógnitas
Escorria de si alguma sensação quase absurda
Parada olhando os arredores de uma rua
Que era tão comum que trazia sobressaltos assustados
Quando por vezes avistava alguma novidade antiga
Sem saber já estivera ali por tantas fases
Alegrava-se quando descobria fruto na mangueira
Quando sentia com carinho o vento gélido
Como se a alma quebrantada se enchesse e preenchesse
O espaço vazio que era aquela vida sem acontecimentos
Mesmo porque coitada não entendia de nada
Só sabia se sabendo mesmo sem especulações
Providenciava todo dia alguma atividade sem reação
Assim mesmo essas ações sem abraços apertados
Brincando com a existência de tudo acabado
Às vezes essa pobre criatura magrela
Fabricava uma lágrima qualquer
Mas era só pra se ver chorando
Porque era tão sem motivações que não chorava
Não gritava, não sabia falar, são sabia sentir.
O que queria mesmo era viajar de barco pelo céu
É pelo céu mesmo, nas caravelas de algum desconhecido
Desses que vão e vêm, só pra estar lá em cima.
Esperava dia após dia na janelinha
Com o coração apertado para ver alguém
Que a levasse voando para bem longe