Perfeito
Eu queria ser perfeito
Mas não tenho jeito de santo, todavia.
Meus dias e minhas noites
Estão encobertos
Por tantas agruras e imperfeições
As soluções dos meus problemas
Os dilemas que encontro pela frente
A ausente certeza
E a clareza como se fosse o nada
Que em nada me esclarece
Entristece-me o fato de não estar bem
E o não estar bem
É a causa da tristeza
A beleza da vida se esconde
Por traz das nuvens cinza no meu horizonte
Talvez isso me aponte num breve futuro
A solução...
Juro que eu tento esperar tranquilo
E tudo aquilo que me dizem
E até aquilo a que penso
Muitas vezes é difícil de aplicar
Quase sempre é difícil de aplicar
Tantas coisas que são tão óbvias e claras
Raramente são simples de por em prática
Essa minha certeza é tão enfática
Que chega a doer
É uma dor constante
Expressa num semblante amargo
Um dardo introduzido na testa
Uma floresta de sentimentos entrelaçados
Tantos pecados... Tantos pecados
Pecados estes que antes de serem cometidos contra Deus
Foram meus
E que me agrediram tanto
E que me agridem ainda
Em conseqüências daquilo tudo que eu fiz
Minha impaciência, minha intolerância...
Às vezes uma arrogância escondida, omissa...
A pregiça de levar avante os meus sonhos
Só porque suponho
Que terei tempo de pô-los em prática mais tarde
Tudo isso me arde no peito
Tudo isso me invade a alma
A calma nesse momento é escassa
Ultrapassa a minha vontade
Ultrapassa meu limite
Minha pequena tolerância
Bons mesmos seriam então os tempos de infância?
Naquele que nem sequer eu supunha o tamanho da encrenca
Que seria a vida
Ah vida, que vida!
Tantas pessoas boas
Tanto tempo à toa
Tantas pessoas más
Ai! Parece que eu estou perdendo o gás
Parece que jamas me encontro
Pareço um tonto nessa estrada de vida
Pareço perdido
Contido no peito no peito um grito
Uma vontade imensa de sumir
De desistir
Sei lá!
Mais uma interrupção ao meu parco pensamento
Nesse momento tenho que ir
Mas quisera eu ser perfeito
Mas não há jeito de sê-lo
Pois não tenho jeito de santo
E meu pranto não tem nada de divino.