EU NÃO SOU CACHORRO, NÃO

Procurar no “eu”

Um “nós” latente.

Latir.

Latir certa voz.

Uma voz inconteste de “gente”.

Jamais deixar

De depositar confiança

No humano poder

(Do querer inerente).

Como vós

Ao quarto, quando,

A sós,

Latis

Ganidos de contente

Sabendo-vos, de todos, diferente...

Dane-se a febre pobre

De ser feliz

Adentro às grades

De canis.

Ser ou não ser cão...

Ser ou não ser coerente...

Porém reconhecer-se

N'algum sabor

A ser do próprio, o próprio senhor

Tornar-se, de si,

O ator,

A atriz

Sem atos falhos com falas falhas

Na ribalta apagada da noite farta

De olhar a lua fátua a se repetir...

Eis a ladração intermitente

D’um típico

Hamlet

Indigente

Até esta provação toda se ir

Por vozes em falsetes

Sem público

Sem tietes...

Em mim, em vós

Devem sangrar dos torniquetes

Poemas nada sutis

Longe dos modos gentis

De Sheakespeare