INDECIFRÁVEL NOVA MADRUGADA

“El condor passa pelos Andes

e abre as asas sobre nós, nos muros

das cidades grandes eu quero ouvir a

minha voz..."(Belchior)

A voz da caneta que exprime o sentimento;

A voz que não sabe cantar a dor;

Da rouquidão que engasga a garganta;

a letra da música que a mulher amada se encanta.

Dos tons e os sons de todos os movimentos.

o talento, de tão lento que não se encontra em dado momento...

a vontade incontida da poesia que não se consegue compor.

Folhas ao vento... Quais são os versos que não invento?

Mas depois de tantos números abstratos para somar;

Com trinta moedas posso me ver rico;

Voando alto junto ao condor quero aspirar;

A letra certa que no meu cérebro não multiplico.

Abstrato, esse é o extrato daquilo que sinto;

Extraio de dentro de mim a verdade que não minto;

Mas caio em contradição quando divido;

a soma da ação das virtudes que não duvido.

El condor, quando aterrizarás?

Eu tenho umbigo, essa é a minha raiz quadrada;

da certeza que suponho ser verdade um dia chegarás;

ao espaço infinito que por ora habita o nada.

O nada... qual nada, qual o DNA dessa estrada?

Só sei que por onde passo deixo a minha pegada;

Me perdendo e me achando na indecifrável nova madrugada.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)