O meio do medo. O medo do meio.
Ando meio com medo da vida, mais que da morte.
Ando meio sem sorte, sei lá. Meio sem prumo.
Meio desacreditado até do que posso. Meio velho por dentro.
Ando meio cru, mal passado, vendo a vida passar, embrulhada
Em papel de embrulho de pão bolorento.
- Com tantos eus que podia ter sido e não me permiti um só! –
Ando meio só de mim, pra falar a verdade.
Ando não me querendo ultimamente.
- Nem a mim, ai de mim! –
Ando pelo meio do caminho, até da calçada.
Ando meio sem nada de bom pra fazer.
Ando é querendo ver logo o fim disso tudo.
Saber se o oco tem meio.
Ando com medo do meio um dia ser inteiro
E acabar pelo meio o tinteiro de cor desbotada
Que ressecou, por desuso, num canto da mesa.
- Ah! Pro meio do inferno toda essa tristeza! –
Bendita a ira que me liberta!