NADA MAIS NÍTIDO DO QUE O VAZIO. NADA...

Nada mais nítido do que o vazio

Nada...

Nada mais translúcido

Do que o elemento ácido

A corroer a pilastra do aço

(Aço, matéria motriz de todas as guerras)

Sangra, baço, pelas artérias do Paço

Ultrapassa o olhar sobre a rua

Com seus carros imbecis

Que o trespassam

Que se equivalem

Dia após dia

Racham o estuque dos tetos

Ao tremerem o asfalto

Sob seus pneus e buzinas

Ninguém percebe

Que é o movimento inútil

Do vai e vem dos corpos

Que convulsiona a eles próprios

E o teto, como as pernas

[Que vão e voltam (ou não)],

Cairão sobre nossas caveiras quase-pó

No transitar d’um derradeiro auto

Que pés jovens e renascidos,

Nas avenidas, acelerarão