Caminhos

Pra mim há dois tipos de poesia.

A forma não importa, o resultado

é que vai ser fruto da alquimia

pelo qual o processo é deflagrado.

Certos poemas fluem como mel,

escorrem aos borbotões pelo papel

sem uma pausa ou falta de memória.

As palavras até saltam pela boca,

e os sinônimos, em disputa louca,

brigam pra ter o seu lugar na história

Mas há poesias que são um sacrifício,

aquilo que se chama “ossos do ofício”

e que até levam o poeta à exaustão.

As palavras fogem, as rimas somem,

tudo que pode enlouquecer um homem

e manda o poeta encontrar a solução.

Curvado ao peso de mais um desafio,

vai ele enfrentando chuva e vento frio

que caem dentro da mente e coração,

porque esse tempo ruim é resultado

do poema que trilhou caminho errado

e até entrou em conflito com a paixão.

Mas o poeta, que é bom diplomata,

resolve esse problema na hora exata

em que era necessário desatar o nó.

E a poesia enfim sai, Mas que sufoco,

enquanto nosso poeta, exausto, rouco,

vai acabar mais uma vez ficando só.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 03/03/2011
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